Auditor independente precisa agregar mais informações aos investidores, aponta presidente da Amec

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Pareceres de auditores independentes raramente surpreendem: costumam identificar os processos adotados pela companhia e raramente contém ressalvas. Em geral, o auditor é bastante neutro e comedido. Durante um evento promovido pelo IBGC no Rio de Janeiro, no dia 19 de março, o presidente da Amec, Mauro Cunha, defendeu uma postura mais contundente, dizendo que o auditor deveria julgar as escolhas da companhia ao avaliá-las.

Cunha apontou que a adoção das IFRS deu mais liberdade aos administradores para avaliar os ativos da companhia, o que teria transformado as demonstrações financeiras em um relatório de “sell side”. Nesse contexto, o auditor independente deveria adotar uma postura diferente da que tinha no passado, sendo mais opinativo. Ademais, Cunha frisou que os comitês de auditoria são, em tese, órgão de muita importância, mas que ainda têm de provar sua eficácia, tendo em vista que muitas vezes o auditor acaba atendendo mais aos interesses do diretor financeiro.

Mark Babington, diretor de políticas de auditoria do Financial Reporting Council (FRC), órgão de regulação britânico, disse que o Reino Unido passou a exigir uma postura mais questionadora dos auditores, principalmente sobre questões com alto grau de subjetividade – como impairment de ativos. Ele destacou que os auditores devem exigir que os diretores mostrem quais foram os dados que embasaram suas conclusões, por exemplo, em vez de simplesmente aceitá-las.

Do ponto de vista dos administradores, é necessária compreensão do trabalho dos auditores externos e suas limitações, diz João Laudo de Camargo, sócio no escritório Bocater, Camargo, Costa e Silva, Rodrigues Advogados. É comum que os diretores aleguem desconhecer fraudes e usem os relatórios auditados para se defender. No entanto, é importante lembrar que os auditores independentes trabalham por amostragem e podem falhar, não isentando o alto escalão da responsabilidade estabelecer bons controles internos.