Assets estabilizam resgates e voltam a registrar captação para algumas classes de fundos

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Há cerca de um mês e meio com funcionamento ajustado à quarentena, gestores de recursos sentem que os piores momentos já ficaram para trás. A pressão pelos resgates de cotas já é bem menor e em algumas classes de fundos os movimentos de captação já são positivos.

É o caso dos fundos multimercados macro da Claritas, que registraram fluxo positivo já a partir do mês de março e durante o mês de abril. “Mesmo com os efeitos da pandemia, voltamos a captar há cerca de um mês. Fomos beneficiados com posições mais defensivas no período pré-crise e agora o mercado está reconhecendo isso”, explica Helder Soares, CIO e membro do Conselho da Amec.

Helder Soares, CIO da Claritas
Helder Soares, Claritas. Foto: Divulgação

O gestor comenta que os fundos macro da asset tinham adotado posições mais defensivas antes do Carnaval em vários mercados, como juros de títulos americanos, dólar e juros domésticos. Com o aumento da aversão ao risco, as posições permitiram maior proteção contra a previsão de queda na renda variável no Brasil.

Os investidores estrangeiros que aplicam nos fundos da gestora também não produziram uma onda de resgates durante a crise. “Temos visto pouca movimentação dos investidores estrangeiros”, comenta o CIO da Claritas.

Nos fundos de renda variável, a asset não tem percebido grandes movimentações de resgates ou novas aplicações. Os fundos sofreram impacto da queda da Bolsa doméstica, mas conseguiram manter uma performance razoável ao apoiar-se em algumas posições defensivas. Os fundos que mais sofreram foram os de crédito privado, mas também não têm registrado grande pressão de resgates, por se tratar de mandatos específicos.

Régis Abreu, CEO da Tagus.
Régis Abreu, Tagus. Foto: Divulgação

Na Tagus Investimentos, o movimento de resgates também não foi relevante desde o início da pandemia. Com ativos sob gestão pré-crise da ordem de R$ 300 milhões, a asset viu o patrimônio total de seus três fundos cair para R$ 240 milhões. “A queda ocorreu devido à desvalorização momentânea dos ativos dos fundos, pois praticamente não registramos resgates expressivos”, conta Régis Abreu, CEO da Tagus.

Com cerca de um terço de capital proveniente de investidores estrangeiros, a asset registrou pequeno movimento desse grupo nas últimas semanas. “É uma crise que atingiu os mercados de Bolsa e de moeda no mundo inteiro. Mas apostamos em posições que irão proporcionar uma boa recuperação no período pós-pandemia”, prevê o gestor.

Régis acredita que as empresas com maior potencial são aquelas que já possuem um jogo de escala a favor da digitalização. São empresas de e-commerce, fintechs e de educação à distância que já possuem um processo de automatização digital avançado. “São empresas que irão andar muito mais rápido na volta da economia, pois irão colher os frutos da digitalização em dois ou três meses”, estima o gestor da Tagus.

Obviamente, empresas mais atrasadas em novas tecnologias devem sofrer mais para se recuperar. Alguns setores como por exemplo, de petróleo, também ficarão de fora de uma retomada rápida. “Com o fortalecimento da lógica do teletrabalho e do ensino à distância, o novo mundo andará muito menos de carro. Será um mundo com mecanismos mais remotos, com menos gastos com combustíveis”, diz.

Funcionamento – Mesmo com a quarentena imposta pelos governos estaduais, as assets estão demonstrando grande capacidade de manter a normalidade no funcionamento das operações. Com uma estrutura pequena, com 13 colaboradores, a Tagus liberou cerca de 80% da equipe para o trabalho em regime de home office. Apenas 3 pessoas continuam trabalhando do escritório da empresa.

“Como somos uma asset independente, a maior parte de nossas operações são garantidas pelos parceiros externos ligados a bancos”, explica Régis Abreu. As atividades de gestão continuam normais e, por isso, a segurança e eficiência das operações são mantidas em total normalidade.

Na Claritas a situação é semelhante. São mantidos apenas 3 funcionários no escritório, em esquema de rodízio. Com uma equipe de 60 pessoas, todos os funcionários já possuíam laptops conjugados com os desktops e a grande maioria está trabalhando de casa antes mesmo do decreto da quarentena do estado de São Paulo.